Meu coração - João Caetano

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Novas Histórias

Quem sabe a gente se encontra
No meio de tudo e canta
No banheiro, no chuveiro
Na cama.

Quem sabe a gente desanda
A falar do tempo, do vento
Coisas do momento.

E no meio de tudo
Começar do nada.

Enfeite de rosas sem espinhos
Eu e você na madrugada
A cantarolar baixinho
Um novo acorde
Dessa vez
Afinado.

Fátima Mota

domingo, 6 de dezembro de 2009

Original?

Novo, só o poema
feito com a palavra abusada
que serena ou atiça
que irrita ou maltrata.
Pois que de sentimento
o poeta nada inventa
sente... a_pena_s.
Original é a dor ou o amor
Re_desenhados
desdenhados
pela palavra abusada
usada diferente_mente
sem espelhos
sem consultas
livre do pensamento subjacente do outro.
Original é falar de sentimento
como se ninguém já o tivesse feito.
Haveriam novas formas
De se cantar o amor
Rasga-se o verbo em novos dialetos
E já não sei do original.

Fa

terça-feira, 10 de novembro de 2009

MINGUANTE

Entre claro_escuro
o teu desejo passeia.

Entre as tuas luas
desfaz-se o encantamento.

Entre_linhas o amor míngua.


É preciso esperar outro ciclo
para que se torne crescente.

Fátima Mota

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SAUDADE

Havia uma saudade doída
do tempo em que a tristeza
dormia e a alegria balançava-se
numa rede na varanda.

Havia uma saudade de cheiros
e de sabores que já não sinto
e de amores que já não pressinto.

Havia uma saudade do tempo
e do pensamento,
de coisas deixadas pelo caminho.

Havia tantas saudades
que, de algumas, já não lembro.

Havia saudade de mim
e daquilo que não entendo.

FATIMA MOTA

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desejos

De amar
e ser amado
carece uma prece.

E de viver a dor
o amor enternece.

Na paixão
o sentir a ilusão
endoidece.

E num olhar
sem solidão
incerteza
desaparece.

No encontro
entr’almas
toda tristeza
fenece.

Fátima Mota

domingo, 25 de outubro de 2009

APORTE

Aporte

Entre uma e outra despedida
O meu coração fala a ti
Palavras que somente quem ama compreende.

Entre uma e outra chegada
O meu coração se entrega
E parte-se antecipadamente.

Aportas em meus cais a bel prazer

Levas na bagagem a minha alegria.

FATIMA MOTA

SEM DESTINO

Sem destino



Entre o sonho
e o real
vago.

Fátima Mota

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Infernos astrais

Os meus frios
derretem na tua boca macia
e deságuam em tua ilha.

Os meus mornos
aquecidos nos vãos dos teus braços
encaixe perfeito
nas diagonais.


Os teus quentes
incendeiam latentes
meus infernos astrais.

*Fátima Mota*

Na rota de colisão

Bateu com o copo na mesa
Bebeu todo o líquido do pote
Berrou o seu grito de morte
Brindou a alegria e a sorte
Brincou com a própria tristeza
Brilhou no seu dia de glória
Bebeu um gole a mais
Bateu com a língua nos dentes
Brigou e saiu tão somente
Bailou na noite escura
Bateu com o carro no poste
Berrou sem ter quem lhe resposte
Beijou seu sonho diurno
Bancou o palhaço sozinho
Bramiu a palavra em desuso
Brecou aturdido no muro
Quedou com a cara na porta.


*Fátima Mota*

MÁGOA

Mágoa

Desvencilhei-me do tolo ciúme que me afligia
Descartei o medo de te perder
Transpus infinitos abismos
E controlei essa aflição insofismável.
Leve, a minh’alma habitou-se de ti
E teus desejos se acasalaram aos meus
E teus anseios escreveram nossa história.
Desertei a insegurança
E nos confins do meu ser a confiança instalou-se.
Não previa a inconseqüente ação
A traição desposou-me
E despojou-me da minha melhor parte: acreditar.
O assoalho do meu coração ainda encontra-se molhado
Não choro por me teres traído
As lágrimas são pelo deslize
De me fazeres desacreditar-te.

Fátima Mota
13/08/09


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Tão igual


O mesmo sangue
Escorrente.
A fiel dor
Pressente .
Fatual sanidade
Inconseqüente.
Ausências
Sagradas e Sangrentas.
Igual na palavra,
Garganta arfante
Soletra-se !
Lágrima desliza na
Alma ressequida.
O bem e o mal
Disputa vencida.
Nasce o sol na lira
E a noite divide-se.
O verso e a ira
De mãos dadas, andam
A concretude do sonho
É cimento armado
Sem fado ou magia.
Tudo igual
Tocaiando
A poesia.

**Fátima Mota**

Café com poesia


Hoje acordei com palavras... tantas palavras
Sem ponto, sem vírgula... sem alentos
Me permiti soltá-las, destranquei a porta.

Palavras em fuga, letra a letra, rebeldes
Seduziram, nas entrelinhas, os sentimentos
Desertaram de mim... abertas as comportas.

Traquinas, renasceram na lira.. fantasia

Fugitivas ... na cozinha, bebi poesia.

domingo, 8 de março de 2009

MINHA MELHOR FANTASIA: SER MULHER


Quis ser esposa, companheira

Fui amante, caliente, desertei os meus desejos

E acarinhei suavemente minha cara metade.

Quis ser mãe, serenamente

Fui amiga, adolescente.Sem pudores: fui confidente.

Quis ser profissional, alçar meus vôos, edificar minha história

Fui mulher in_dependente. Criei asas, hoje vivo a minha glória.

Passei por intempéries, fui discriminada, enfrentei preconceitos

E sem pejo, dei a volta por cima.

Nunca quis ser santa,quis ser gente

Não quis ter uma santificada_mente.

Sonhei alto, gritei aos ventos, tive arroubos , fui insolente, in_dolente

E até me recriminei em dado momento.

Fui rechaço, saco de pancadas.Senti medo!

Fiz a minha história a base de muitos vendavais.

Despertei o bem e o mal,

Fui alquimia, fui fantasia,

Fui desejo e sobejo

Soçobrei em mares bravios.

Sereia, soberana, fui sombra

Encanto e desencanto

Fui emoldurada como santa

Designada como trapaça.

Do vinho, fui a taça de fino cristal.

Fui temerária, fui temida,

Simulei meus medos

Coloquei ungüento nas minhas próprias feridas

Fui bálsamo e ombro amigo.

Fui sândalo, fui sexo

Fui inverso, às vezes reverso

Vencedora, fui vencida.

Fui por vezes, a simbiose do pensamento machista

Esperta, me deixei levar e tramei minhas próprias verdades.

Fui Serafim, os pecados no fogo purificado,

E , como anjo, em harmonioso cântico, levei os homens aos céus.

Não fui apenas Abel, às vezes fui Caim.

Fui cruel, toquei em dores com jasmins

Fui serviçal, simplória, fui fatal.

Fui mistério, desvendado pelos teus dedos

Bruxa, desvendei todos os teus segredos.

Sedutora, silabei amor em puros ouvidos

Fui o canto das madrugadas , solfejei nas serenatas

Do poeta fui o verso mais dorido.

Padeci na iniqüidade

Simulei minha própria dor.

Fui anjo e demônio, eu sei.

De tu, o rei, quis apenas ser rainha

Fui mulher... Cumpri fielmente a minha sina.

Hoje, em prosa e verso, canto a glória de lado a lado caminharmos em igualdade do ser.

Também ainda há controvérsias.

A todas as mulheres que, anjos ou demônios, santas ou impuras, driblaram as incertezas e fizeram a sua história.

domingo, 1 de março de 2009


Sob jornais

Dorme menino, dorme!
E sonha com a esperança
Se hoje é tempestade
Um dia será bonança.

De afeto és um pedinte
Ninguém a ti afiança
Dorme menino, dorme!
E sonha com a esperança


O teu rosto traz contido
A marca da desesperança
É melhor que não acorde
Pra ver tanta indiferença
Dorme menino, dorme!


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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Retorno



Retorno


Esquadrinhei minha mente e ouvi todos os sons
Nos corredores, imagens, dançavam em câmera lenta,
Em cada canto, um personagem ganhava vida, dominante
No canto uma rede, balançava, ao som de uma canção dolente.

Minha avó, sorrindo, convidava-me apressada :
_Vem, é hora de contar estrelas, as fadas nos esperam!
E todas as crianças, em correria, tomaram seus assentos.
O Era uma vez... palavras mágicas, os corações aceleram.

A tudo vi e ouvi embaraçada,
Não mais expectadora desse teatro,
O destino brincalhão pregou-me uma peça
Trouxe de volta meus fantasmas do passado.

Bons fantasmas, camaradas, eu diria,
e sem medo escuto-os a gargalhar os meus segredos
de menina e adolescente atrapalhada
que se escondia , escrevendo , em degredo.

Tudo vi e ouvi , levemente embaraçada
Rodopiando uma valsa, feito bailarina
Eis-me de volta ecoando infantis risadas
A embalar o meu sonho de menina.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Controvérsias


Esta utopia que desliza sorrateira
Me leva a sonhar além das fronteiras
Razão pressente e o coração desmente
Esperança vem chegando alvissareira.

Escorrego-me em divindade plena
Meus senões são rédeas ao pensamento
Na vida, não só monto em alazão
Navego em mares com embarcações pequenas.

Meus desejos estão engavetados
A tristeza, eu driblo e encanto o riso
Serpenteio a saudade e faço lira
Na tua boca, em pensamento, eu deliro.

Fátima Mota

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Amor criança



 


 

O meu amor ficou na infância

Preso nas correntes do passado

Amor de trança

De pião

De pipas no ar.

O meu amor criança

Perdeu-se na ciranda , cirandinha

Entrou na roda-viva

Em esquinas

Quebrou-se no anel de vidro.

Esse amor primeiro

Passou em fases

E foi único sem ser derradeiro.

Foi terra , mar,

E chegou ao céu

Como na amarelinha.

Todas as lembranças

Ficaram na saudade

Mas não perderam-se com a idade,

Porque em gavetas da minha mente

Ainda encontro

Aquele casal apaixonado

Sem consciência do certo ou errado.

De vez em quando

Penso em nós

E sinto o perfume da flor

Que até hoje guardo

No diário.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Retrato

Retrato

Esta poesia da vida é um retrato
que rabisco nas paredes do tempo!

A minha pena transgride a retórica
E o verbo se faz no pensamento.

Reescrevo nossa história, então...
Percebo no sonho, um contratempo
Esta poesia da vida é um retrato
que rabisco nas paredes do tempo!


Nossas lembranças já emolduradas
São sombras na cidade que dormita
De ti ficou, na cabeceira, artefato
Olhos a lembrar-me impertinente
Esta poesia da vida é um retrato.


Fatima Mota/ Edir Pina

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Vinte e quatro horas de silêncio

Quero encontrar-me com o silêncio
Encontro pertinente
Mudo
Quero estar disposto a ouvir a voz que vem de dentro
Sentir apenas o que o coração pressente
Quero estar surdo-mudo aos sons da cidade
E ficar , pelo menos,
Vinte e quatro sem ...
as músicas impertinentes
as buzinas ferindo meus ouvidos
os carros de som
os gritos dos ambulantes!
Vinte e quatro horas silenciando o barulho.
e nesse tempo quero apenas ouvir...
o choro dos inocentes
o chamado das crianças
a voz calorosa dos meus amigos
o sussurrar do vento, o canto dos passarinhos,
o som de folhagens pisadas,
os silêncios da madrugada,
a chuva cantando na telha
a palavra sussurrada
a conversa no pé de orelha.
Ainda quero..
calar minha fala e escutar minh'alma
despojar-me deste verbo eloqüente
ouvir a paz que silenciosamente o amor pressente.
Quero apenas o barulho límpido do silêncio
e as suas notas contidas .
Quero recolher-me em oração silenciosa
e quedar-me nos teus braços.
Dá-me um tempo Senhor para ouvir tua voz.
Quem sabe, então, encontrarei a paz?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Velho_moço


 

Sou um velho_moço que o tempo não quedou

Digo ao coração que existe essa tal felicidade.

No meu mundo de quimeras guardo sonhos,

Velhos sonhos que não se perdem com a idade.


 

O tempo passa e o poema, ainda , em ti floresce

E permanece, lírico, onde está minha saudade

Sou um velho_moço que o tempo não quedou

Digo ao coração que existe essa tal felicidade.


 

O universo conspirou pra que eu te amasse

E eterna em mim ainda permaneces, intacta

Meus versos , na madrugada em flores te dou

Pois amor maior se faz em mim diariamente

Sou um velho_moço que o tempo não quedou.

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Clarice Lispector

Mas há a vida

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.